Quando há dias começaram a chegar as notícias de que poderia estar em curso uma “remodelação” na CP e na Transtejo, logo seguidas de notícias que já davam conta da dimensão da “remodelação” que, para já, significava o despedimento de largas centenas de trabalhadores, seguidas do revelar das reais intenções que sempre estão por detrás destas “remodelações” de empresas públicas, o seu desmembramento e posterior entrega aos privados, que ficam sempre e apenas com a parte lucrativa do negócio (essa intenção na TAP é já descarada), seguidas da admissão, por parte do ministro, não só dos despedimentos como dos aumentos de preços das tarifas... faltava chegar ainda a cereja no topo do bolo: os barcos vão navegar menos e, sobretudo, os comboios vão circular menos... isto para além das linhas e ligações que pura e simplesmente desaparecerão... (respirar...) quando li tudo isto, logo pensei escrever algumas palavras - pobres palavras, que nada podem! – sobre mais umas tantas canalhices feitas contra os trabalhadores, mais crimes contra o Estado, mais favores aos amigos de sempre, mais crimes contra o povo em geral.
Certamente para que estes cortes nas despesas públicas figurassem na vergonhosa lista de “50 medidas para UE ver” e recolhessem o aplauso dos "senhores" que mandam nesta Europa, mais uma vez quem vai pagar são os funcionários de empresas públicas e os utentes, com menos serviço de transportes. Mais uma vez, os portugueses que ainda resistem no interior do país, vão ficar ainda mais reféns da sua interioridade e isolamento, impostas pelas políticas criminosas de trinta anos de governos PS, PSD e CDS, caindo um cada vez maior número de jovens casais na tentação do abandono das suas terras, para vir suportar, no litoral, uma vida de exploração, ou na ainda pior hipótese, de pura e simples miséria.
É preciso levantar a voz contra um tal estado de coisas!
O calhordas do Primeiro Ministro faz de conta que não sabe que nós sabemos a quem é que ele presta contas e serve; faz de conta que não tem noção da desmesura dos prejuízos que estas suas “poupanças” feitas com cortes cegos de quinze por cento - impossíveis, na maior parte dos casos - vão provocar nos hospitais, nas escolas, nos transportes, na vida das pessoas, na cultura.
Desgraçadamente, voltando ao tema dos comboios... e sem a mínima intenção de ter graça... a única “poupança” que Sócrates consegue é a da energia, de cada vez que vai apagando mais uma luz ao fundo do túnel. Não o fará durante muito mais tempo!
(in Cantigueiro)
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