Caros camaradas,
Amigos e Convidados
Começamos por saudar os camaradas, activistas e cidadãos do
Médio Tejo que nos últimos 20 dias recolheram mais de 16400 assinaturas de
utentes, numa iniciativa da Comissão de Utentes da Saúde do Médio Tejo,
reclamando cuidados de saúde de proximidade e de qualidade. Esta iniciativa,
que se vai prolongar por mais quinze dias, é uma expressão do movimento popular,
com profundo significado social e político na contestação às políticas de saúde
que estão a ser implementadas pelo Governo.
Com mais um esforço, assente na organização e no envolvimento
das populações chegaremos muito mais longe. Nós militantes do PCP, especialmente
os do Médio Tejo, teremos de reforçar o nosso contributo para aumentar o êxito
desta acção reivindicativa.
Já na Assembleia de Organização de 2004, no Entroncamento,
salientámos que os problemas das populações no acesso a cuidados de saúde
apresentam muitas oportunidades para a acção política.
O Partido tem o seu campo de acção, utilizando linguagem
própria, dissecando e contrariando a acção e as propostas de outras forças
políticas. E intervindo nas instituições, nomeadamente nas autarquias e na
Assembleia da República, onde o deputado António Filipe tem desenvolvido uma
acção intensa e acutilante na defesa das populações do Distrito.
No Médio Tejo nasceu a primeira estrutura de utentes do
Distrito, a Comissão de Utentes da Saúde do Médio Tejo. Com o apoio precioso do
Movimento Sindical Unitário, sempre procurámos a estabilidade organizativa que
permitisse uma acção eficaz e estimulasse a participação democrática das
populações. Este é o caminho que defendemos para o Médio Tejo e para as
restantes estruturas, sejam elas regionais ou nacionais, onde temos dado o
nosso contributo. Aqui uma referência especial para todas as estruturas de
utentes do Distrito e, mais concretamente, para todos aqueles que estão a dar
corpo ao MUSP Santarém, na certeza de que saberão corresponder ao que as
populações esperam deles na defesa dos serviços públicos.
Não está em causa a institucionalização das estruturas de
utentes, mas sim haver ou não haver organização dessas estruturas que potencie
a actividade. Mais concretamente que informem, organizem e mobilizem cada vez
mais cidadãos na defesa dos seus direitos.
Fazem parte da nossa actividade reuniões com as populações e
autarcas nos concelhos de Alcanena, Torres Novas, Entroncamento, Tomar,
Ferreira do Zêzere, Ourém, Vila Nova da Barquinha, Constância e Abrantes. Mas
há iniciativas públicas que se estenderam também aos concelhos do Sardoal e de
Mação.
Fazemos o aproveitamento dos instrumentos tecnológicos para
fazer chegar a opinião dos utentes mais longe, com mais frequência e a mais
gente. Mas, nunca recusámos, antes organizámos, todos os tipos de luta.
Considerando que a saúde é o bem mais importante do ser humano, tem sido na
base da defesa de cuidados de saúde de proximidade e qualidade e de considerar
a fileira da saúde como factor de desenvolvimento socioeconómico da região que
promovemos abaixo-assinados, concentrações, manifestações, vigílias, reuniões
de esclarecimento e contactos com as instituições. Apresentámos também
propostas de organização integrada da prestação de cuidados de saúde para potenciar
os serviços existentes e fazer um combate sério aos desperdícios. Sempre, mas
sempre, respeitando os princípios do SNS e dizendo alto e bom som, que não é
uma fatalidade os utentes e familiares sofrerem mais, por os cuidados de saúde
estarem mais longe, mais caros e com pior qualidade.
A luta das populações tem evitado o encerramento de serviços
de proximidade, como as Extensões de Saúde com menos de 1500 utentes; levou à colocação
de médicos e outros profissionais em muitas localidades da região. E travamos
uma luta prolongada e dura, pelo aproveitamento integral das unidades
hospitalares do CHMT, em articulação com os cuidados primários e cuidados
continuados.
Ao longo de nove anos de vida e muita actividade em contacto
com as populações aprendemos que as lutas não se travam na data, hora, forma e por
objectivos que nós queremos. Para que as iniciativas resultem têm de ser tidos
em conta factores objectivos e subjectivos. E a conjugação desses factores só
se consegue com muito diálogo, debate, informação e organização. Temos feito
muito mas não o suficiente e necessário para parar as medidas governamentais
contra os direitos das populações no acesso a cuidados de saúde.
Nos próximos meses a actividade da Comissão de Utentes da
Saúde do Médio Tejo, vai centrar-se no desenvolvimento das acções relacionadas
com o Abaixo-assinado “PELA NOSSA SAÚDE!”, pela concretização de um INQUÉRITO aos
utentes e pela possível realização de um FÓRUM Regional, que junte todas as
entidades relacionadas com a saúde. Ao mesmo tempo, vamos aproveitar todas as
oportunidades para iniciativas de luta e, para debelar uma das principais
deficiências da Comissão, procurar alargar o número de elementos em todos os
concelhos do Médio Tejo.
A nós, militantes do PCP, exige-se que passemos à acção. Com
reuniões públicas, com grupos de amigos, formemos mais e mais estruturas de
utentes. O momento presente exige acção e perseverança no esclarecimento,
organização e mobilização das populações em defesa dos seus direitos. Temos de
passar das boas intenções escritas nos documentos aprovados à acção concreta,
com calendarização e metas a atingir na constituição de novas estruturas de
utentes.
Mas responsabilizar camaradas, que já têm muitas tarefas, para
o trabalho político nas organizações de massas, pode ser solução no imediato,
mas é nefasto ao desenvolvimento da sua actividade futura. Mas, o inverso
também é verdadeiro. Camaradas que se destacam no movimento de utentes são
convidados para outras tarefas (porventura mais prestigiantes) … e é a morte de
muitas estruturas. Estas situações ultrapassam-se se houver a criação de
organismos partidários que funcionem regularmente com o objectivo de traçar
caminhos e analisar a actividade que se vai ou não desenvolvendo. E,
principalmente, se o movimento de utentes for genuinamente de carácter
unitário.
A vida não está fácil para quem faz intervenção política e
social. Mas muito mais difícil será se não nos esforçarmos e não nos
organizarmos para ultrapassar os obstáculos.
E quem nos conhece sabe que não somos gente de desistir de
lutar pelas causas das populações.
Alpiarça
AORSA 23.6.2012