sábado, 30 de julho de 2011

Sobre pacotes de açucar (24)


O Manel pagou o almoço e, ainda, entregou mais uns pacotes de açucar. Sou um pai com sorte!

sexta-feira, 29 de julho de 2011

Poema

Homem

Inútil definir este animal aflito.
Nem palavras,
nem cinzéis,
nem acordes,
nem pincéis
são gargantas deste grito.
Universo em expansão.
Pincelada de zarcão
desde mais infinito a menos infinito.

António Gedeão

terça-feira, 26 de julho de 2011

Descubra as diferenças, no Castelo de Guimarães

Este tem bandeira


















Este não tem
















E eu sei quem a tirou!

sábado, 23 de julho de 2011

Quem não pode ou não deixam caçar, sempre pode ir comendo e convivendo


O Miguel, homem de meia idade, por uma série de coincidências foi viver para uma localidade que distava umas centenas de quilómetros da sua terra natal. Dos poucos haveres que o acompanharam, para além das roupas e de alguns livros, uma espingarda de caça. Se havia actividade que o apaixonava era o andar por montes e vales com os amigos à procura de coelhos e perdizes. E sempre que tinha oportunidade, atirava. Umas vezes acertava, outras os bichos iam à sua vida. Alguns só até ao próximo encontro.

Onde agora vivia, também havia caçadores. E um clube que geria uma reserva associativa que abrangia quase todos os terrenos que circundavam a pequena vila. Umas das formas de poder caçar seria inscrever-se no clube de caçadores responsável pela gestão do referido espaço cinegético.

Como em todos os clubes de caçadores, há sócios. E têm de pagar quotas para poderem fazer o gosto ao dedo, caçar e por acréscimo conviver. Passou-se uma época de caça. Passou-se outra. Em quase todas as caçadas, lá estava o Miguel. Depois seguiam-se os habituais convívios gastronómicos.


Mas com o passar dos anos, cada vez eram menos os dias de caça. As desculpas dos responsáveis iam desde o decréscimo do efectivo cinegético até à proclamação da falta de número suficiente de interessados em caçar.

No entanto, à falta da actividade que era o motivo fundamental da existência do clube, continuavam os acontecimentos gastronómicos. Ora, o Miguel gosta é de caçar!

(fotos ilustrativas)

quinta-feira, 21 de julho de 2011

Roubei um lindo poema a um blog que costumo visitar


DE QUE FALO!


Falo das ruas e do amor,
do teu ventre sobre os lençóis,
falo da cidade que amo
onde a conjura amadurece.

Falo dos papéis que se rasgam
na hora do primeiro alarme,
da mão aberta para a esmola
onde germinará a vingança.

Falo do sangue de desejo
que abre em mim quando sorris,
e do carvão e da lareira
onde o combate aquece as mãos.

Falo dos motores que já vibram
na expedição contra o anátema
e dos dentes com que mordisco
os intervalos do teu riso.


Egito Gonçalves

domingo, 17 de julho de 2011

As boas ideias fazem o seu próprio caminho...


... mas chegam mais depressa quando são empurradas por amigos perseverantes.

Encontrei resposta para a presença, no Alentejo, das roseiras junto às videiras


Por Luiz Carlos Zanoni, autor da coluna semanal - Carta de Vinhos - no jornal O Estado do Paraná e colaborador da Revista Gula.

Assim como toda casa deve ter um cão feroz, dentes à mostra atrás do portão, todo vinhedo necessita de roseiras. Qual a razão delas? O melhor jeito de não saber é perguntar ao proprietário ou aos funcionários. A grande diversão desse pessoal é tecer histórias absurdas a respeito. Dirão que os espinhos afugentam furtivos visitantes noturnos. Que a mulher plantou para embelezar a paisagem. Que o aroma das flores impregna as uvas, atribuindo fascinante perfume ao vinho. Conversa. A roseira está ali pelo mesmo motivo do cão, para avisar que o perigo se aproxima.

Rosas não latem, mas são suscetíveis às mesmas doenças que afetam as parreiras. Só que, mais delicadas, evidenciam primeiro os sintomas, permitindo a antecipação de medidas protetoras do vinhedo, o patrimônio maior de uma vinícola. Tanques de inox, ou barris de carvalho, trocam-se a qualquer hora. Vinhas não. Começam a produzir aos quatro ou cinco anos de idade, mas só com o tempo irão oferecer frutos com concentração, a matéria prima dos grandes vinhos.

A simples idéia de algum mal no vinhedo deixa doente o produtor, e com sobra de motivos. A destruição das plantações européias pela Filoxera, em fins do século XIX, marcou o DNA da classe com cicatrizes que dificilmente se apagarão. Foi por volta de 1860. Algumas mudas de vinhas, levadas da América para a região do Rhône, abrigavam o inseto quase microscópio denominado Filoxera vastatrix, nunca visto na Europa até então. Ele suga as raízes da planta, que seca e morre em pouco tempo. As videiras americanas resistem porque uma película dura recobre suas raízes, mas esse não é o caso das européias. Em dez anos, o inseto, com sua descomunal capacidade de reprodução, arrasou os vinhedos do continente. Os produtores se desesperavam. Nada do que faziam dava resultados.

Em vários países, a Filoxera não tirou apenas o vinho da mesa. Foi-se o pão, a moradia, a escola, o emprego. A vitivinicultura sustenta a economia de regiões inteiras, e esse puxão de tapete trouxe desemprego e miséria, desatando um caudaloso êxodo de famílias empobrecidas. Cerca de cinco milhões de pessoas – italianos em boa parte - imigraram para países como Estados Unidos, Argentina, Brasil e Chile. A crise foi superada apenas nos anos finais daquele século. O problema veio da América, a solução também: a enxertia das vinhas da Europa em pés de videiras americanas, com suas raízes resistentes. Foi a salvação, até porque as vinhas enxertadas preservam suas características genéticas.

Devastações massivas como a aquela são, hoje, impensáveis. Os avanços científicos criaram um formidável arsenal de armas contra pragas. Mesmo assim, os produtores não dispensam suas rosas - vermelhas, brancas ou amarelas, não importa a cor. Se, pela manhã, os botões não abrem, soam os alarmes. E rosas no vinhedo, além de embelezar e perfumar a paisagem, atiçam visitantes curiosos. “Pra que essas roseiras? Vocês vendem as flores?” Chegou a hora do viticultor se divertir.

Já passei por aqui (47)




Jeromenha (entre Alandroal e Elvas, a observar o Guadiana)

Sobre pacotes de açucar (23)


Estes vieram de Ponte de Sor

sexta-feira, 15 de julho de 2011

Efeitos pirotécnicos ??? !!! ou...



Apenas umas centenas de insectos em volta de uma lâmpada numa noite de Verão, no Passeio da Marginal de Constância.

Sobre pacotes de açucar (22)


Agradeço ao José Velho

domingo, 10 de julho de 2011

As desgraças que vêm a caminho

Mais de 200 mil famílias podem ficar sem casa até final deste ano
Publicado em 09 de Julho de 2011 (jornal i)

Cerca de 200 mil famílias podem perder a médio prazo as suas casas. A esta projecção, feita com base nos dados do Banco de Portugal para o primeiro trimestre, há que acrescentar ainda os casos de contribuintes alvo de penhora e execução por parte do fisco ou da Segurança Social, que também podem perder os seus imóveis. Isto porque as medidas impostas pela troika a Portugal exigem maior celeridade por parte da justiça nacional.

Ou seja, os actuais prazos de três e mais anos para a conclusão deste tipo de processos devem descer para menos de um, como acontece noutros países da União Europeia.

O incumprimento no crédito à habitação atinge actualmente 5,5% do total dos cerca de 2,5 milhões de famílias que compraram casa própria recorrendo à banca. Contudo, a esmagadora maioria continua a morar nas habitações, embora não pague, à espera dos processos legais que permitem aos bancos recuperar as casas hipotecadas para as voltarem a vender ou leiloar.

As casas que estão actualmente no mercado, em consequência de incumprimentos bancários, e que têm estado a ser leiloadas ou vendidas directamente por empresas imobiliárias, dizem respeito a processos que datam de há três, quatro ou mais anos. Ou seja, o mercado está actualmente a absorver a crise que teve início no final de 2008 e começou por atingir as classes mais desfavorecidas dos subúrbios das grandes cidades, como Lisboa e Porto.

Sintra, Abrunheira e Massamá são três das localidades da Grande Lisboa que mais têm alimentado os recentes leilões de casas ou venda directa por parte dos bancos ou por empresas por estes subcontratadas para escoarem estes produtos, que deixaram de ser pagos há cerca de três anos.

As classes de menores rendimentos, que deixaram de conseguir pagar os empréstimos das casas à banca desde essa altura, começam agora a ficar realmente sem casa.

execuções fiscais Esta é uma parte da realidade. Existe outra, mais difícil de quantificar, que tem a ver com as dívidas ao fisco e/ou à Segurança Social e a outros credores. Segundo explicou uma fonte da banca ao i, nem todas as casas que vão a hasta pública têm a ver com o incumprimento bancário. No caso das dívidas ao fisco e à Segurança Social, as habitações são penhoradas e leiloadas ao fim de três ou quatro anos, uma vez que as reclamações têm sempre efeito suspensivo.

Mas nestes casos há uma agravante para o detentor do imóvel: se a dívida do contribuinte for de 12 mil euros, por exemplo, o licitante que se apresente a uma hasta pública pode adquiri-la por aquele valor, independentemente de esta valer muito mais. Entretanto, se o contribuinte faltoso tiver recorrido ao crédito bancário, tem de continuar a pagá-lo, independentemente de ter perdido o imóvel.

Esta variedade de situações, que frequentemente se sobrepõem, têm tendência a agravar--se a curto e médio prazo se a justiça começar a actuar mais depressa. Segundo a mesma fonte bancária, "ainda estamos muito longe de termos um quadro real do que está a acontecer por causa da lentidão dos tribunais."

Os anos que actualmente qualquer destes processos demora a chegar ao fim (entrega da casa ao banco por incumprimento ou penhora e execução por dívidas fiscais, à Segurança Social ou ainda a outros credores) faz com que o cenário ainda seja relativamente cor-de-rosa quando comparado com a frieza dos números.

A recente subida da taxa de juro de referência do Banco Central Europeu de 1,25% para 1,5% faz com que uma família com crédito à habitação no montante de 150 mil euros, a amortizar em 30 anos e com um spread médio de 2%, cuja revisão tenha sido efectuada este mês, pagará em Dezembro 712 euros, contra os 694,59 euros actuais.
.............
(e um comentário, com foto)

TEMPO DE MUDAR,
PARA DEBAIXO DA PONTE


sábado, 9 de julho de 2011

Já passei por aqui (46)




Porto Novo / Vimeiro

terça-feira, 5 de julho de 2011

Gostei destas crónicas

Parece que sou traidor à Pátria. Prendam-me!
por PEDRO TADEU (DN)


Há uma espécie de decreto-lei informal que, ainda no tempo de Sócrates, na sequência das imposições da troika, passou a entrar em vigor. Esse decreto, editado e publicado por opinadores do regime, "especialistas" em economia, grandes empresários, gestores ao serviço destes, banqueiros, políticos do "centrão", iludidos do neoliberalismo, académicos conformados e burocratas dependentes da eurocracia, resume-se numa frase: "Protestar contra as medidas de austeridade é antipatriótico".

A teoria desenvolve-se no pressuposto de que não haveria outro caminho para "salvar Portugal" (sic) que não seja este que actualmente trilhamos. Pelo que, para bem da Pátria, qualquer manifestação, greve, marcha, abaixo-assinado ou simples comentário contra o que se está a passar é, na sua essência, um acto de traição.

Isto faz-me lembrar o meu tempo do ensino primário, quando a minha cabeça era encharcada pelo chavão "a Pátria não se discute", para justificar a guerra no Ultramar. Essa guerra, lia-se em todos os jornais, via-se na televisão e ensinava-se na escola, não só era inevitável como necessária. Além do mais, dizia-se, do ponto de vista económico, que Portugal não sobreviveria à perda das colónias. Quem protestava era declarado traidor à Pátria e ia preso.

Pois quando cheguei ao liceu, anos depois do 25 de Abril, já não havia Ultramar, a Pátria até estava de melhor saúde, prosperava, e os traidores da véspera eram os heróis da nova época. Como vêem, as certezas absolutas e indiscutíveis são todas muito relativas...

A acusação de "traição à Pátria" de hoje não está muito distante desses meus tempos de escola, no aspecto de dogmatizar positivamente e como necessária a capitulação da Pátria (ó ironia!) na actual guerra económica e financeira e ao tentar transformar em marginal quem discorda desse dogma. Agora ninguém é preso, mas ao tornar refrão político a frase "traidores à Pátria" para caluniar os que protestam está a dar-se o primeiro passo para que um dia seja possível meter na cadeia quem dá problemas ao regime... Olhem, se é assim, prendam-me já que eu também sou um traidor à Pátria.

Assinalo, no entanto, uma declaração de Pedro Passos Coelho, ao dirigir-se no Parlamento a Jerónimo de Sousa. Cito de memória, sem rigor, mas o sentido que apreendi da frase era este: "Poderei nunca estar de acordo com as propostas do PCP, mas nunca considerarei o seu partido como estando a agir contra os interesses da Pátria." Ainda bem que o primeiro-ministro percebeu que precisava de dizer isto. Pode ser que acalme estas hostes da intolerância.

Resposta ao doutor Francisco Louçã (II)
por PEDRO TADEU (DN)


"O que sabem sobre o povo trabalhador é zero." Este foi o nervo que agitou o músculo crítico do doutor Francisco Louçã a uma crónica minha. Expresso num desabafo no Facebook, valeu-lhe 247 cliques no botão "gosto" e 132 comentários de apoio, sem contraditório. Como não sou amigo de Facebook do líder do Bloco de Esquerda, não posso discutir o assunto no espaço em que ele o colocou. Resta-me, por me parecer interessante para os leitores, esboçar aqui o que julgo ser o sério problema político do Bloco, definível assim: medo ideológico.

Mais do que andar a discutir questões tácticas, o Bloco tem para resolver um problema, em parte comum ao do PCP: a incapacidade de demonstrar aos trabalhadores que tem um projecto de sociedade viável, diferente e melhor do que os do PS, PSD e CDS.

A esmagadora maioria dos trabalhadores ouve os dirigentes do Bloco de Esquerda ou do PCP e entende que o que eles têm de sério para aplicar num Governo será, na melhor das hipóteses, uma quimera. É isso que, mais uma vez, dizem os votos das legislativas. No entanto, esses partidos (mais o PCP do que o Bloco) têm, no dia-a--dia, o apoio de grandes massas de trabalhadores para, nos sindicatos, combaterem abusos patronais e, em certas autarquias, quase todas CDU, gerirem recursos públicos. Mas a maioria desses trabalhadores não confia nesta esquerda para a querer no Governo.

Será discutível, mas, para mim, apenas munido da experiência de jornalista a "ler" a evolução do quotidiano, parece-me que demasiados quadros políticos desta esquerda (menos no PCP, mais no Bloco) se "aburguesaram" no estrito sentido de agirem politicamente num circuito institucional fechado, dentro e fora dos partidos, e desvalorizarem uma relação próxima e íntima com os trabalhadores. Esse papel sobra para os militantes dirigentes sindicais ou de pequenas associações cívicas ou culturais. Estes, na maioria, adoptaram uma prática antipolítica, sem ideologia, centrada na especificidade do meio que lideram.

Não posso, em 2500 caracteres, ir mais longe. Será um erro factual dizer que no Bloco "o que sabem sobre o povo trabalhador é zero", mas a hipérbole ilustra na perfeição este problema. O caminho para a esquerda o resolver será este: perder o medo ideológico e tentar ser revolucionária, no sentido de voltar a ligar-se às classes trabalhadoras, não as concebendo de forma romântica, regressando à sua matéria política básica, que é, antes do mais, estar ao lado delas, para as ouvir e para as compreender.

É este o meu ponto, doutor Francisco Louçã.

domingo, 3 de julho de 2011

Angústia...


... de vários caminhos a trilhar, fruto das ideias ou quereres pessoais. Muitos obstáculos a ultrapassar colocados por outros. E tanto trabalho, para tão pouco tempo e tão pouca energia!

sábado, 2 de julho de 2011

Ainda não passei, mas tenho imensa curiosidade de ir a POESIA...

... de ver a toponímia (nomes das ruas e largos). Será que em vez de Fernando Pessoa, Gomes Ferreira, haverá a Rua do Cemitério ou a Praça Sá Carneiro?

Sobre pacotes de açucar (21)