domingo, 28 de fevereiro de 2010

CHOVE!

CHOVE!

Chove...

Mas isso que importa!,
se estou aqui abrigado nesta porta
a ouvir a chuva que cai do céu
uma melodia de silêncio
que ninguém mais ouve
senão eu?

Chove...

Mas é do destino
de quem ama
ouvir um violino
até na lama.

de JOSÉ GOMES FERREIRA

quinta-feira, 25 de fevereiro de 2010

À MÃE ANIVERSARIANTE

A Evangelina faz hoje anos. Muitos. Mas demasiado poucos para o muito que sonhou, fez, festejou e sofreu ao longo da vida. Nestas datas costuma-se desejar muitos anos de vida. Desta vez, apenas, lhe desejo MUITA SAÚDE.

domingo, 21 de fevereiro de 2010

O mano mais novo faz anos

O "Toninho" dos primeiros anos, deu lugar ao Daniel. Aqui ficam os parabéns para um homem que, habituado a lidar com crianças - é pediatra - tem sido uma pedra fundamental no apoio à saúde dos nossos pais. Também por isto merece o melhor.

sábado, 20 de fevereiro de 2010

António Gedeão

Poema do Homem Só




Sós,

irremediavelmente sós,

como um astro perdido que arrefece.

Todos passam por nós

e ninguém nos conhece.



Os que passam e os que ficam.

Todos se desconhecem.

Os astros nada explicam:

Arrefecem



Nesta envolvente solidão compacta,

quer se grite ou não se grite,

nenhum dar-se de outro se refracta,

nehum ser nós se transmite.



Quem sente o meu sentimento

sou eu só, e mais ninguém.

Quem sofre o meu sofrimento

sou eu só, e mais ninguém.

Quem estremece este meu estremecimento

sou eu só, e mais ninguém.



Dão-se os lábios, dão-se os braços

dão-se os olhos, dão-se os dedos,

bocetas de mil segredos

dão-se em pasmados compassos;

dão-se as noites, e dão-se os dias,

dão-se aflitivas esmolas,

abrem-se e dão-se as corolas

breves das carnes macias;

dão-se os nervos, dá-se a vida,

dá-se o sangue gota a gota,

como uma braçada rota

dá-se tudo e nada fica.



Mas este íntimo secreto

que no silêncio concreto,

este oferecer-se de dentro

num esgotamento completo,

este ser-se sem disfarçe,

virgem de mal e de bem,

este dar-se, este entregar-se,

descobrir-se, e desflorar-se,

é nosso de mais ninguém.

Alexandre O'Neill

Mal nos conhecemos
Inauguramos a palavra amigo!
Amigo é um sorriso
De boca em boca,
Um olhar bem limpo
Uma casa, mesmo modesta, que se oferece.
Um coração pronto a pulsar
Na nossa mão!
Amigo (recordam-se, vocês aí,
Escrupulosos detritos?)
Amigo é o contrário de inimigo!
Amigo é o erro corrigido,
Não o erro perseguido, explorado.
É a verdade partilhada, praticada.
Amigo é a solidão derrotada!
Amigo é uma grande tarefa,
Um trabalho sem fim,
Um espaço útil, um tempo fértil,
Amigo vai ser, é já uma grande festa!

segunda-feira, 15 de fevereiro de 2010

OLHAM, MAS NÃO SABEM

Não sabem da vontade
em viver
do ultrapassar das barreiras

Não sabem da verticalidade
na defesa
de uma causa

Não sabem do imenso mundo
que se vê
nos olhos abertos

Não sabem da alegria
de ter
uma boa conversa

Não sabem da ternura
de um segredo
ao ouvido

Não sabem do formigueiro
de uma carícia suave
dos dedos

Não sabem do calor
de um beijo
trocado no escuro

Não sabem do êxtase
na entrega
dos corpos

Não ouvem, não entendem
nem imaginam, nem compreendem

Não saberão
das vontades e dos poemas
de um homem com razão
e com coração.

quinta-feira, 11 de fevereiro de 2010

Dois poemas de Neruda dedicados à mulher

Pablo Neruda

Tu eras também uma pequena folha

Tu eras também uma pequena folha
que tremia no meu peito.
O vento da vida pôs-te ali.
A princípio não te vi: não soube
que ias comigo,
até que as tuas raízes
atravessaram o meu peito,
se uniram aos fios do meu sangue,
falaram pela minha boca,
floresceram comigo.

Os teus pés

Quando não posso contemplar teu rosto,
contemplo os teus pés.

Teus pés de osso arqueado,
teus pequenos pés duros.

Eu sei que te sustentam
e que teu doce peso
sobre eles se ergue.

Tua cintura e teus seios,
a duplicada purpura
dos teus mamilos,
a caixa dos teus olhos
que há pouco levantaram voo,
a larga boca de fruta,
tua rubra cabeleira,
pequena torre minha.

Mas se amo os teus pés
é só porque andaram
sobre a terra e sobre
o vento e sobre a água,
até me encontrarem.

quarta-feira, 3 de fevereiro de 2010

Desabafo

Tanto azedume para quem pensa, informa, dialoga e faz. Tanta reverência, desculpa e compreensão para os que não informam, não dialogam e pouco fazem.