domingo, 7 de outubro de 2012

Uma intervenção datada e localizada mas que aponta caminhos para uma discussão no âmbito da preparação do...


Caros camaradas,
Amigos e Convidados

Começamos por saudar os camaradas, activistas e cidadãos do Médio Tejo que nos últimos 20 dias recolheram mais de 16400 assinaturas de utentes, numa iniciativa da Comissão de Utentes da Saúde do Médio Tejo, reclamando cuidados de saúde de proximidade e de qualidade. Esta iniciativa, que se vai prolongar por mais quinze dias, é uma expressão do movimento popular, com profundo significado social e político na contestação às políticas de saúde que estão a ser implementadas pelo Governo.
Com mais um esforço, assente na organização e no envolvimento das populações chegaremos muito mais longe. Nós militantes do PCP, especialmente os do Médio Tejo, teremos de reforçar o nosso contributo para aumentar o êxito desta acção reivindicativa.
Já na Assembleia de Organização de 2004, no Entroncamento, salientámos que os problemas das populações no acesso a cuidados de saúde apresentam muitas oportunidades para a acção política.

O Partido tem o seu campo de acção, utilizando linguagem própria, dissecando e contrariando a acção e as propostas de outras forças políticas. E intervindo nas instituições, nomeadamente nas autarquias e na Assembleia da República, onde o deputado António Filipe tem desenvolvido uma acção intensa e acutilante na defesa das populações do Distrito.
No Médio Tejo nasceu a primeira estrutura de utentes do Distrito, a Comissão de Utentes da Saúde do Médio Tejo. Com o apoio precioso do Movimento Sindical Unitário, sempre procurámos a estabilidade organizativa que permitisse uma acção eficaz e estimulasse a participação democrática das populações. Este é o caminho que defendemos para o Médio Tejo e para as restantes estruturas, sejam elas regionais ou nacionais, onde temos dado o nosso contributo. Aqui uma referência especial para todas as estruturas de utentes do Distrito e, mais concretamente, para todos aqueles que estão a dar corpo ao MUSP Santarém, na certeza de que saberão corresponder ao que as populações esperam deles na defesa dos serviços públicos.

Não está em causa a institucionalização das estruturas de utentes, mas sim haver ou não haver organização dessas estruturas que potencie a actividade. Mais concretamente que informem, organizem e mobilizem cada vez mais cidadãos na defesa dos seus direitos.

Fazem parte da nossa actividade reuniões com as populações e autarcas nos concelhos de Alcanena, Torres Novas, Entroncamento, Tomar, Ferreira do Zêzere, Ourém, Vila Nova da Barquinha, Constância e Abrantes. Mas há iniciativas públicas que se estenderam também aos concelhos do Sardoal e de Mação.
Fazemos o aproveitamento dos instrumentos tecnológicos para fazer chegar a opinião dos utentes mais longe, com mais frequência e a mais gente. Mas, nunca recusámos, antes organizámos, todos os tipos de luta. Considerando que a saúde é o bem mais importante do ser humano, tem sido na base da defesa de cuidados de saúde de proximidade e qualidade e de considerar a fileira da saúde como factor de desenvolvimento socioeconómico da região que promovemos abaixo-assinados, concentrações, manifestações, vigílias, reuniões de esclarecimento e contactos com as instituições. Apresentámos também propostas de organização integrada da prestação de cuidados de saúde para potenciar os serviços existentes e fazer um combate sério aos desperdícios. Sempre, mas sempre, respeitando os princípios do SNS e dizendo alto e bom som, que não é uma fatalidade os utentes e familiares sofrerem mais, por os cuidados de saúde estarem mais longe, mais caros e com pior qualidade.

A luta das populações tem evitado o encerramento de serviços de proximidade, como as Extensões de Saúde com menos de 1500 utentes; levou à colocação de médicos e outros profissionais em muitas localidades da região. E travamos uma luta prolongada e dura, pelo aproveitamento integral das unidades hospitalares do CHMT, em articulação com os cuidados primários e cuidados continuados.
Ao longo de nove anos de vida e muita actividade em contacto com as populações aprendemos que as lutas não se travam na data, hora, forma e por objectivos que nós queremos. Para que as iniciativas resultem têm de ser tidos em conta factores objectivos e subjectivos. E a conjugação desses factores só se consegue com muito diálogo, debate, informação e organização. Temos feito muito mas não o suficiente e necessário para parar as medidas governamentais contra os direitos das populações no acesso a cuidados de saúde.

Nos próximos meses a actividade da Comissão de Utentes da Saúde do Médio Tejo, vai centrar-se no desenvolvimento das acções relacionadas com o Abaixo-assinado “PELA NOSSA SAÚDE!”, pela concretização de um INQUÉRITO aos utentes e pela possível realização de um FÓRUM Regional, que junte todas as entidades relacionadas com a saúde. Ao mesmo tempo, vamos aproveitar todas as oportunidades para iniciativas de luta e, para debelar uma das principais deficiências da Comissão, procurar alargar o número de elementos em todos os concelhos do Médio Tejo.
A nós, militantes do PCP, exige-se que passemos à acção. Com reuniões públicas, com grupos de amigos, formemos mais e mais estruturas de utentes. O momento presente exige acção e perseverança no esclarecimento, organização e mobilização das populações em defesa dos seus direitos. Temos de passar das boas intenções escritas nos documentos aprovados à acção concreta, com calendarização e metas a atingir na constituição de novas estruturas de utentes.

Mas responsabilizar camaradas, que já têm muitas tarefas, para o trabalho político nas organizações de massas, pode ser solução no imediato, mas é nefasto ao desenvolvimento da sua actividade futura. Mas, o inverso também é verdadeiro. Camaradas que se destacam no movimento de utentes são convidados para outras tarefas (porventura mais prestigiantes) … e é a morte de muitas estruturas. Estas situações ultrapassam-se se houver a criação de organismos partidários que funcionem regularmente com o objectivo de traçar caminhos e analisar a actividade que se vai ou não desenvolvendo. E, principalmente, se o movimento de utentes for genuinamente de carácter unitário.

A vida não está fácil para quem faz intervenção política e social. Mas muito mais difícil será se não nos esforçarmos e não nos organizarmos para ultrapassar os obstáculos.
E quem nos conhece sabe que não somos gente de desistir de lutar pelas causas das populações.

Alpiarça
AORSA 23.6.2012

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