POEMA NONAGÉSIMO
Quando escrevo "Boa noite!", é mesmo
"Boa noite!"
que eu pretendo dizer. E é bom que as palavras
se habituem a ser verdadeiras e sinceras,
que não andem por aí,
nas bocas, nos livros, nos jornais,
a despudorar-se em mentiras ou estratégias
de vulgar inexatidão. O Poema tudo deve
à sua memória, a incendiada memória do futuro.
Cada verso é um sopro de vida que desfaz
os enigmas do mundo, faz ruir as paredes
clandestinas de cada milénio,
para escrever de novo na pedra, na argila, no papiro,
no dorso amigo do papel, um
rasto, uma respiração, o vocábulo
claro,
livre,
novíssimo
por tanto ser antigo.
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