
O Miguel, homem de meia idade, por uma série de coincidências foi viver para uma localidade que distava umas centenas de quilómetros da sua terra natal. Dos poucos haveres que o acompanharam, para além das roupas e de alguns livros, uma espingarda de caça. Se havia actividade que o apaixonava era o andar por montes e vales com os amigos à procura de coelhos e perdizes. E sempre que tinha oportunidade, atirava. Umas vezes acertava, outras os bichos iam à sua vida. Alguns só até ao próximo encontro.
Onde agora vivia, também havia caçadores. E um clube que geria uma reserva associativa que abrangia quase todos os terrenos que circundavam a pequena vila. Umas das formas de poder caçar seria inscrever-se no clube de caçadores responsável pela gestão do referido espaço cinegético.
Como em todos os clubes de caçadores, há sócios. E têm de pagar quotas para poderem fazer o gosto ao dedo, caçar e por acréscimo conviver. Passou-se uma época de caça. Passou-se outra. Em quase todas as caçadas, lá estava o Miguel. Depois seguiam-se os habituais convívios gastronómicos.

Mas com o passar dos anos, cada vez eram menos os dias de caça. As desculpas dos responsáveis iam desde o decréscimo do efectivo cinegético até à proclamação da falta de número suficiente de interessados em caçar.
No entanto, à falta da actividade que era o motivo fundamental da existência do clube, continuavam os acontecimentos gastronómicos. Ora, o Miguel gosta é de caçar!
(fotos ilustrativas)
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