PCP: Jerónimo atualiza marxismo-leninismo aos operários dos “call-centers” da “geração à rasca” Lisboa, Portugal 26/03/2011 23:56 (LUSA) Temas: Política, Partidos e movimentos Lisboa, 26 mar (Lusa) – O secretário-geral comunista atualizou o discurso marxista-leninista aos problemas da “geração à rasca” e defendeu a necessidade de os jovens conhecerem a realidade além da teoria, apontando que os operários de hoje são operadores de “call centers”. Num encontro com jovens comunistas, na Casa do Alentejo, em Lisboa, Jerónimo de Sousa começou por referir-se à história dos 90 anos do PCP, mas depressa se centrou na atualidade, referindo que continua válido o ditado segundo o qual “operário será filho de operário, doutor será filho de doutor”. “Só que agora é operário dos serviços, precário”, afirmou, perante cerca de 50 jovens, defendendo que o “objetivo da precariedade não é a maldade”. “Querem a precariedade porque tem uma vantagem enorme, paga mais barato, são trabalhadores com menos direitos e trabalhadores mais frágeis no plano da organização, da sindicalização e da consciência de classe”, sustentou. Atualmente, até as condições físicas das empresas não proporcionam a criação de uma “consciência de classe”, afirmou, ilustrando que os “call centers” não têm o que nas fábricas se constituía como “o plenário mais espontâneo”, o refeitório e o balneário. “Tínhamos uma vida coletiva em que íamos formando a consciência”, disse. Recorrendo à experiência de antigo operário, mostrou outra diferença: “Na minha empresa sabia-se quem era o patrão. A maioria dos trabalhadores hoje não sabe onde está o patrão ou quem é o patrão”, afirmou. Jerónimo de Sousa assumiu, na sua intervenção, a necessidade de materializar a teoria e olhar para casos concretos. “Temos um ideal, somos marxistas-leninistas, lutamos pelo socialismo, mas foi a partir das coisas concretas que o partido se tornou um partido com experiencia própria, que não seguiu modelos”, argumentou. “O discurso de cátedra é muito importante, fazermos um discurso sustentado e rigoroso, mas se não conhecermos a realidade, a realidade passa por nós sem nós darmos por isso”, defendeu. Para Jerónimo de Sousa é preciso “conhecer o mundo” e aprender com ele, até porque, defendeu, “ninguém nasce comunista, ninguém é comunista antes de o ser”. “Vocês pensam que a geração de abril era tudo malta de olhos rasgados até ao umbigo. Não, também aprendemos”, disse. O líder comunista fez uma referência ao protesto da geração à rasca, “com todas as suas particulares e contradições que se manifestaram”, entre referências a outras manifestações, como a de dia 19 de março, da central sindical CGTP. Jerónimo de Sousa terminou a noite apelando à participação na manifestação de 1 de abril, promovida pela Interjovem, assim como ao 1.º de maio e 25 de abril, que se realizarão, lembrou, já em clima de pré-campanha para as eleições legislativas antecipadas. ACL. Lusa/Fim