sábado, 20 de novembro de 2010

Desde o início que estou nesta causa

(in Setúbal na Rede)

Saúde
por Joaquim Judas (Médico)



O Hospital do Seixal É Inadiável

Há pouco mais de um ano foi assinado entre a Câmara Municipal do Seixal e o Ministério da Saúde o Protocolo que projectou para o final de 2012 o termo da construção do Hospital do Seixal.

Na altura Bruxelas apelava à promoção do investimento público, designadamente em equipamentos de educação e saúde, como instrumento de contenção da crise e de relançamento económico. Agora, entregues os recursos públicos à insaciável ganância de lucro do grande capital, Bruxelas apela à penhora dos Estados e institui a selva como o paraíso das suas políticas sociais. Agora o Protocolo é um obstáculo para todos aqueles que, sem assumirem a defesa dos seus privilégios, se opõem a que o Hospital do Seixal se torne realidade.

Fazer cumprir o Protocolo assinado para a construção do Hospital do Seixal é um dever de todos os cidadãos da Região de Setúbal. Foi lutando que se conseguiu que ele fosse elaborado e assinado, é lutando que se conseguirá que ele seja cumprido.

O silêncio do Governo do PS em relação ao compromisso que assumiu, é motivo de justa e fundamentada preocupação por parte das populações das Comissões de Utentes e do Poder Local. Ao referir os Hospitais a construir, o Primeiro-ministro tem esquecido sistematicamente o Hospital do Seixal; o Conselho de Administração do Hospital Garcia d’Orta, que veio a ser substituído no final do primeiro semestre deste ano, e que deveria ter tido como principal missão lançar a construção do novo Hospital do Seixal, arrastou o processo pelas gavetas; o Conselho de Administração que se lhe seguiu, desrespeitando o Protocolo, adiou o Hospital para 2013; o Presidente do Conselho de Administração da Administração de Saúde de Lisboa e Vale do Tejo, entidade administrativa responsável pelo assunto, manifesta negligência no acompanhamento do processo; a Ministra da Saúde, que se comprometeu a fazer uma declaração pública reafirmando o compromisso do Governo com o cumprimento do Protocolo, está a cumprir voto de silêncio.

O Hospital do Seixal, pelo perfil que lhe é definido no Protocolo, é uma peça central no processo de humanização e qualificação da prestação do Serviço Nacional de Saúde, quer pelo tipo de cuidados que visa prestar, quer pela articulação que facilita e desenvolve entre os diversos níveis e tipos de cuidados de saúde na Região. O próprio processo de construção e instalação do Hospital do Seixal como unidade do serviço público de saúde, obrigará, desde logo, a um novo modo de abordar as gravíssimas insuficiências e entorses que afectam o SNS na nossa Região, permitindo-lhe a adopção de soluções sustentáveis nas suas diversas dimensões como garante do direito à saúde.

O Hospital do Seixal não interessa aos que se habituaram a viver parasitando o SNS, mas interessa aos trabalhadores e às populações. Interessa aos profissionais de saúde que exigem condições de trabalho dignas. Interessa ao país, onde o que se produz e a qualidade do que se produz está na razão directa do estado de saúde e bem-estar dos seus habitantes.

O Hospital do Seixal não é um problema para as finanças públicas, mas sim uma oportunidade para se demonstrar talento e visão na sua correcta e justa administração.

O Hospital do Seixal é inadiável, tanto por aquilo que já devia ter sido feito como, sobretudo, por tudo aquilo que o futuro nos impõe que se faça.

O Hospital do Seixal é não só inadiável como inevitável.

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