sábado, 21 de agosto de 2010

Um dia parti, em busca de mim

Um dia parti
Rumo ao desconhecido
Levando comigo a força de uma guerra sem fim
E de um sonho teimoso desejando existir
Sempre



Um dia com o anoitecer
Com as sombras envolventes e os vazios ao meu lado
Subi mais alto que as nuvens dos céus
E dali, bem lá na alturas
Abracei as estrelas,e pisquei o olho à lua
Que me observava inquieta.



Um dia quis acordar
Mas percebi desse querer, e de tentar,
Que efectivamente nunca tinha estado ali,
Naquele espaço demasiado pequeno e estreito
Nesse mundo apinhado e à deriva
Catapultado entre galácteas e corpos
Que é o lugar da vida de todos nós.



Um dia quis partir
E acordei, de um inexistir permanente
E pulei desejando ultrapassar o delírio
De uma obssessiva e vitalícia ilusão
Ou simplesmente, de um vago ser ou estar,
Buscando mais que a descoberta
De algo que pudesse encontrar
Fora de mim,
Pudesse paulatinamente
Como num acordar prioritário
Tocar-me, e olhar-me
A mim mesmo.



Em busca de mim
à procura de um existir
Que se desconhece como real
Mas que cremos é verdadeiro
Parti. Em demanda, à descoberta
Em peregrinação
Em viagem sem fim
Procurando encontrar bem no fundo
A razão de tudo
A essência
Um pouco de mim.



Um dia parti...

(de P A Cruz)

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